O que ele é

“Este é o trabalho de um mestre; fazer você ficar sedento por algo invisível. É um tipo muito louco de sede; você não pode logicamente provar nada. É um tipo de infecção; aos poucos, lentamente, algo contagioso entra em seu ser. O olhar do mestre, um gesto pego num momento em que você estava em total silêncio e o tráfego mental já não estava tão intenso – apenas uma pausa, um silêncio, um ponto final e algo começa a se agitar em você.
O mestre está lá, fora de você. Sua própria presença começa a agitar algo que estava adormecido há muito tempo. A pessoa começa a surgir, abre os olhos. É uma relação muito estranha estar com um mestre, a mais estranha de todas, porque o mestre não existe mais e o discípulo existe demais. Lentamente, muito lentamente, o nada do mestre domina o discípulo: vendo a beleza do nada, o discípulo começa a abrir mão de ser alguém.
[…]
Esse é o propósito do mestre. Com a sua consciência, com o impacto de sua consciência, o sono do discípulo aos poucos, lentamente, se dissipa, se dispersa. A luz do mestre provoca a sua luz; o silêncio do mestre evoca o seu silêncio.
Lembre-se, o mestre não está fazendo nada em particular. Ele está apenas existindo no momento; tudo acontece por conta própria. Mas o discípulo tem que estar muito vigilante, tem que estar muito focado, muito atento. O discípulo tem que estar muito, mas muito focado e concentrado. Deve permanecer com os olhos abertos, sem piscar. O discípulo tem que estar quase numa espécie de paixão profunda, tão alerta quanto quando se está apaixonado: o mundo todo desaparece e só o ser amado existe.
A menos que o mestre seja o seu amado, seu amante, a menos que toda a sua energia esteja se movendo em direção a ele, a transformação não será possível. Você tem que prestar atenção a cada gesto, a cada nuance.
[…]
Sim, a pessoa tem que estar muito, mas muito atenta na presença do mestre para notar cada gesto, porque nesses gestos está a verdadeira mensagem. A maneira como ele anda, a maneira como ele se senta, a maneira como ele olha para você, o jeito como ele é. O que ele diz é secundário; o mais importante é o que ele é, isso é fundamental. Portanto, aqueles que estão absortos em seus argumentos, em suas palavras e teorias, em suas expectativas, continuam sem entender nada.”

Osho em Confiança

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