Frágil e vulnerável

“A beleza é uma qualidade frágil e vulnerável; além disso, é difícil alcançá-la. A feiura, por sua vez, é inquebrantável e invulnerável, bem como facílima de ser conquistada. (Como é fácil ficar feio e difícil ficar bonito!). Ao esposarmos o feio, também nós nos tornamos invulneráveis – esposando o feio, afinal, dizemos aos outros: “Você não pode me chocar, me deprimir, me intimidar, me chantagear ou me acanhar”.
Nós usamos o feio como uma espécie de blindagem, no intuito de consolidarmos uma autonomia plena no mundo. Com efeito, aquele que diz “Acho isso bonito” ou “Isso me comove profundamente” revela de si mesmo algo assaz importante e que o torna vulnerável aos outros. Porventura há o que desprezemos mais do que alguém que acha belo, ou mesmo muito comovente, aquilo que julgamos banal, trivial ou de mau gosto? É melhor, portanto, ficarmos calados quando o assunto é beleza; assim, ninguém nos zombará ou desprezará em virtude de nossa fragilidade e nosso ego permanecerá intacto. E, no mundo moderno, o ego é tudo.”

Theodore Dalrympe em Qualquer coisa serve

Deixe um comentário